Este artigo versa sobre a compra de um franchise já existente (unidade já em funcionamento), cuja opção, pode ser mais segura do que a abertura de um negócio franchisado de raiz.

Ser proprietário de um franchise de sucesso poderá ser tudo aquilo que sempre desejou: a possibilidade de auferir um rendimento que só será limitado pelo seu desempenho; compensações com base nos resultados; independência na tomada de decisões; um vasto leque de actividades a coordenar; controlo do seu futuro e segurança; opções em termos de benefícios fiscais; gestão e liderança da sua empresa e oportunidade de trabalhar na sua actividade de eleição.
No entanto, como em qualquer empresa existem riscos inerentes a um negócio franchisado próprio, que deverá considerar. As razões que levam ao fracasso de alguns negócios franchisados são entre outras: a falta de estratégia, plano de negócios, orçamentação ou controlo interno; negócio não devidamente formatado; falta de investimento e apoio do franchisador; deficiente política de marketing; produtos ou serviços inadequados; má localização; deficiente gestão ou dedicação do franchisado; falta de capital ou inadequada estrutura de financiamento.

Na decisão de compra de uma unidade franchisada existente, o investidor deverá obter resposta para as seguintes questões: Qual o capital disponível para o investimento? Quais são as capacidades e objectivos? Por que razão pretende ter um negócio próprio? Com que tipo de apoio familiar poderá contar? Quais são as expectativas em termos de rendimento? Quais são as suas preocupações quanto ao facto de ser dono da própria empresa?

PORQUÊ COMPRAR UM NEGÓCIO FRANCHISADO JÁ ESTABELECIDO?

O índice de fracasso das empresas criadas em geral (em franchising ou não) indica uma percentagem mais elevada durante os primeiros três anos de vida. Deste modo, terá em principio menor risco em relação à abertura de um negócio de raiz.
Enquanto potencial comprador de uma unidade franchisada em funcionamento, poderá questionar: porque razão são vendidos franchises com êxito? Isto acontece porque muitas vezes, o proprietário pretende aposentar-se ou sente-se cansado, existem questões de saúde, existem disputas entre os sócios, verifica-se a possibilidade de o proprietário ter familiares próximos que tencionam mudar de residência; o franchisado não deseja modernizar a sua empresa ou tem outra actividade e não consegue acompanhar o negócio.

PASSOS NECESSÁRIOS PARA ADQUIRIR UM FRANCHISE EXISTENTE:

A) CONFIDENCIALIDADE:

Habitualmente, os franchisados vendedores preocupam-se com a confidencialidade porque receiam a perda de clientes, a perda de funcionários, acções por parte da concorrência ou a perturbação geral provocada pela incerteza. Consequentemente, é necessário os compradores encararem a confidencialidade com toda a seriedade. Os compradores em perspectiva não devem falar com o pessoal, clientes, fornecedores, ou concorrência sem que obtenham de antemão a autorização do franchisado vendedor e do franchisador. Por outro lado não deverá divulgar que o negócio em questão está à venda. Manter o sigilo também é um aspecto vantajoso para o franchisado vendedor, uma vez que uma transacção sem percalços de maior é vantajosa para o negócio.

B) COMO FINANCIAR A AQUISIÇÃO DE UM FRANCHISE EM ACTIVIDADE?

Existem várias fontes de financiamento a que o comprador poderá recorrer, tais como os bancos comerciais, as empresas de leasing, familiares, amigos e sócios ou o franchisado vendedor. Em alguns casos, estas fontes de financiamento poderão não ser suficientes para a aquisição de um negócio. A liquidez por parte do comprador é sempre um elemento fundamental.
Em regra geral, entre 30 a 60 por cento do preço de aquisição, provem dos fundos do próprio comprador. Os bancos, normalmente, não estão dispostos a financiar a compra, caso o empenhamento do comprador não seja genuíno e não tenha uma percentagem razoável de capital próprio.
Financiamento do franchisado vendedor: Uma das formas de financiar a aquisição de um negócio, são as condições de pagamento a prazo conseguidas junto do franchisado vendedor. Poderá, assim, negociar uma percentagem do pagamento em prestações e ao longo do tempo.

C) AS COMPONENTES DE UMA PROPOSTA DE COMPRA SÃO:

Uma proposta de compra por escrito deve especificar o preço e as condições de pagamento: - pagamento devido no acto da transacção; - assunção de dívidas (caso haja lugar a tal); - termos de financiamento do vendedor (condições, juros de amortização, garantias); - declaração de autorização do franchisador.

A proposta de aquisição por escrito, por via de regra, deve estar em conformidade com determinadas contingências, que devem ser satisfeitas antes da transferência final de titularidade: a “due diligence”, ou seja a confirmação dos aspectos financeiros, livros e demais registos de contabilidade.

D) A ESCRITURA PÚBLICA:

Tanto o franchisado vendedor como o comprador devem submeter toda a documentação à apreciação dos respectivos advogados. Para a efectivação de uma transferência de titularidade é necessário recorrer aos serviços de um cartório para a celebração da escritura. Os cartórios são especialistas na prática de transferência de negócios e são entidades inteiramente neutras. A sua missão é a celebração da escritura, preparação e confirmação dos documentos que traduzem os interesses das partes, assim como a sua identidade.

CONCELHOS IMPORTANTES PARA OS COMPRADORES:
Como o negócio perfeito não existe, o comprador não deverá estar à espera de vir a encontrá-lo. Caso esteja interessado numa determinada empresa franchisada, depois de analisar todas as informações do negócio, deverá marcar uma visita às instalações. Encontrando o franchise que lhe agrade, apresentará uma proposta, não esperando demasiado tempo, pois correrá o risco de vir a perder essa oportunidade. Deverá consultar o seu consultor e esclarecer todas as dúvidas que possa ter. Por outro lado, o comprador ao imaginar-se no lugar de proprietário do negócio em questão irá responder à questão: o que faria para o melhorar?
Deve considerar a hipótese de escolher um franchise adequado ao seu perfil, formação e experiência anterior.
Os bancos e demais instituições de crédito, regra geral, não financiam a compra de um negócio, desde que a contabilidade e o estudo previsional não demonstrem que o negócio tem capacidade para amortizar a dívida, além de proporcionar ao comprador o rendimento necessário. O comprador poderá ter de recorrer aos seus bens pessoais para prestar garantias reais de financiamento. No entanto, tal como atrás referido, a melhor fonte de financiamento é o próprio franchisado vendedor, através das condições de pagamento negociadas.
O comprador deverá certificar-se de que os seus critérios de aquisição são realistas, e que dispõe de liquidez suficiente para poder investir no negócio que mais lhe agrada. Não deverá desperdiçar o seu dinheiro, mantendo sempre uma reserva para a eventualidade de o negócio vir a precisar de uma injecção de capital a dada altura.

José Lopes - Director Teamvision / ptfranchising.com